terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Esperança, mais uma vez



Uma História



Uma revolução toma conta do meu ser procurando por verdade e paz.



O que todos nós tivemos que fazer, viver, acreditar, ou pelo menos aceitar, para que nossas vidas fossem possíveis nestes imensos milênios de ignorância humana?
Exatamente neste momento não escuto, nem sinto, as palavras de meus amigos de outras dimensões. Deixaram-me só, para que pudesse escutar meu próprio silêncio e talvez ... voar.
E vôo. Muito, muito longe.
Jerusalém. Judéia. Quantos de nós não estiveram ali, exatamente ali, durante os acontecimentos mais extraordinários de nossa era? Que papel tivemos, qual nossa plenitude de memória emocional?
Meu coração dispara de repente, sinto que minha respiração fica mais e mais profunda. É como todas as visões se iniciam.
Na névoa, as imagens vão se formando, mas o que encanta e prende, é a música, a aura de alegria, de festa.
Todos dançam, em roda, cantando. É uma festa ao ar livre, com uma fogueira ao centro que ilumina e prepara o jantar.
Escuto conversas, homens e mulheres, parecendo reverenciar o mundo, suas vidas, suas escolhas, seus corações. As mulheres estão vestidas com suas túnicas coloridas, muitas exibem véus sobre os cabelos, de várias cores. Existem crianças, velhos, jovens, em total harmonia, não me parece existir um ritual ou uma hierarquia ali. Estão todos felizes e comemoram, em perfeita igualdade e paz.
Percebo-me nova, com uns quatorze anos talvez, simples, sem companhia importante. Alguém, somente alguém, no meio de uma multidão de “alguéns” que o procuram, por necessidade, por curiosidade, por ansiedade de esperança e verdade. Pela sede de liberdade.
E de repente... o vejo. É difícil descrever a sensação de entrar no seu campo áurico, de cruzar o olhar com o dele. Os olhos escuros são mansos, mas extremamente profundos, mais profundos que qualquer olhar que um dia possa ter pousado no meu. Eles entram na alma, acalmam, alegram, é uma magia intensa e real, maravilhosa e plena, que só um ser que alcança a plenitude da sua Luz é capaz de produzir e espalhar entre todos que o rodeiam.
Ele dança e canta, sorri entre os seus. É solto, livre, alegre. Não parece se aperceber do poder da sua Luz, ou talvez saiba tanto conviver com ele, que ser Luz se torna algo simples e comum na sua alma. Ele é comum, mas ao mesmo tempo único. Todos sabem disso, apesar da maioria não entender o motivo.
Naquele momento sagrado, ele sorri para mim, e me estende a mão, convidando para participar da dança.
Meu ser então se enche de luz, a Luz que ele exala, e seguro, por alguns segundos talvez, aquela mão. Ela me guia, e eu sigo a roda, sinto a música me levar, quase chego a me sentir flutuando...
Meu coração parece ficar enorme, minha força parece capaz de suplantar qualquer desafio, percebo então algo maravilhoso dentro de mim que nunca pude sentir, e só tenho a certeza de ser bom, muito bom. Tenho vontade de entregar toda a minha vida à sua Luz e à sua dança, naqueles breves momentos, que sinto terem a força de uma eternidade dentro de mim.
Depois de alguns passos, ele sorri, acena com a cabeça um cumprimento cordial, e solta minha mão; segue sua festa, segue sua missão, que mudaria a história do mundo e de toda a sua humanidade.
A minha história, certamente, ele já havia transformado. Para sempre.


A Magia, mais uma vez

Um homem que encarna a força do Cristo. Um ser de amor transbordante, de alegria intensa e fé inabalável no Deus que carrega dentro de si. Alguém que acredita em seus sentimentos, seus méritos, sua capacidade de viver e transformar, mas que ao mesmo tempo se curva ao que é inevitável, às limitações externas e à roda da vida com seu ritmo constante e intocável.
Yeshua. Ou o que Yeshua queria que aprendêssemos a ser, todos nós, sem exceção, através do seu exemplo.
Depois de parte de minha vida evitando sua história, entendi que evitava apenas a história que nunca foi dele. Depois de anos não compreendendo sua palavra, entendi que na verdade, o que buscava era a sua palavra. A velada.
Hoje, para mim, todo Natal é extremamente sagrado. Durante todo o mês de Dezembro – mesmo sabendo que não foi neste mês que de fato ele encarnou – se torna um período de limites transpostos, de coragem, de alegria, de fé, de conquistas e principalmente, de esperança. Pois foi exatamente isso que sua encarnação nos trouxe, a esperança de voltarmos a ser o que sempre fomos, mas esquecemos nestas rodas de vidas e vindas: belos seres divinos.
O mundo se lembra de um bebê especial. Um pequeno ser que se tornaria um homem poderoso que mudaria o mundo. O Natal nos lembra que tudo, tudo o que existe, nasce pequeno e frágil. Até um Avatar de uma era.





Dezembro de 2011. Final de ano, final de ciclo, final de era, final de pensamentos e atitudes antigas. Lembrança da vinda de um belo Avatar, com uma aura capaz de limpar o mundo com sua Luz, de ancorar ensinamentos que demoraram milênios para serem compreendidos, e demorarão ainda mais, pois ele é total fonte de sabedoria do Amor.
Diante da imagem de Yeshua, diante dos seus olhos doces de um menino, mas donos de uma das maiores coragens que já existiram em algum ser aqui na Terra, o Amor toma outra proporção no mundo, toma outro significado para si.
Depois de Yeshua, Amor deixa de ser abnegação e submissão, e se torna coragem e sabedoria. Amor se torna revolução, transformação, indignação, abertura, igualdade, liberdade.
Yeshua foi quem mostrou que armas não podem com o Amor. Que o que é plantado com Amor nunca perece, sempre encontra uma maneira de sobreviver e florescer, exatamente como é. Sempre. Não importa quanto tempo demore. Mesmo porque o Amor espera, ele persevera, pois vê além do que a mente pode explicar.
Nestes últimos dias do ano difícil de 2011, onde todos nós fomos provados, levados a limites da verdade e da fé, a bênção da memória de Yeshua se torna ainda mais preciosa.
Nestes dias de Dezembro, o bálsamo do seu sorriso, da sua alegria, da sua certeza, nos fazem acreditar novamente nas nossas próprias alegrias e certezas.
Aqui, pensando nos seus olhos profundos que um dia pude sentir, e nas minhas dificuldades, acredito que o mais difícil ele já fez, há mais de dois mil anos atrás.
Sobrou apenas parar e aceitar sua Luz iluminando nossas partes obscuras e amando-as, sem preconceito, acreditando na sua evolução e aprendizado, e fazendo o mesmo com cada ser humano que participar da nossa estrada.
Sobrou receber sua bênção, sua alegria, pousando nos nossos corações, mais uma vez, como acontece em cada Natal, sem exceção, na sua infinita capacidade de acreditar no nascimento, e na roda da vida, com seu tempo muitas vezes difícil de compreender.
Aqui, pensando comigo, tenho certeza. Nesta história, ficamos com a melhor parte.






Somos todos belos bebês neste Natal, como o belo "Menino Jesus", acreditando, criando, mentalizando nossos sonhos, aceitando a luz de Amor de Deus nos nossos corações para torná-los realidade.





Que este Amor transborde, se expanda no nosso sorriso e pouse em cada pessoa que cruzar nosso caminho neste tempo louvado.
Graças a Deus esta é a nossa parte!






Tenham todos um Feliz Natal!









quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Dor de Índigo


Sem histórias


Eu continuo sonhando.
Não sei ainda dizer se é defeito ou qualidade, mas continuo.



Tenho visto como é complicado ser diferente, mesmo quando não se quer. Meu trabalho com crianças índigo e cristal tem me ensinado como é importante ser olhado, amado, alimentado, admirado e incentivado, seja qual for a nossa natureza.

Ter energia diferente pode ser uma bênção, ou uma maldição. Neste mundo onde tudo é regrado, engessado, etiquetado e pré-programado, eu acredito que a maldição parece a opção mais comum. Infelizmente.


Vejo adolescentes e adultos índigos inconformados com a vida que assistem, com a sociedade hipócrita e moralista da qual fazem parte, sedentos por mudanças. Vejo alguns questionando seus pais e professores,criando novas formas de ver coisas tão comuns e aparentemente imutáveis, e criando muitas confusões. Sem compreensão, ou condições para entender o que sentem, criam dor onde deveriam criar luz.

Mas vejo todos buscando sua história, incansavelmente, apesar das dores e frustrações que sentem e criam nos que cruzam seus caminhos.

Eles querem - e devem querer - mudanças! Eles sabem que não há felicidade em casamentos de aparência dos seus pais, que vestidos novos ou carros caros não alimentam almas, que cargos de sucesso não consertam vazios da vida, que Deus não quer dizer pecado e castigo, que somos todos iguais, e portanto livres para viver nossas próprias escolhas.

Não aceitam "não é possível" ou "porque é assim" como resposta. Não se contentam com o que já existe. Gostam de poesias e livros de mistério, ou música, ou dança, mas querem tudo isso no seu próprio ritmo. Podem fazer sonhos serem reais.

Por que têm que esperar anos para aprender o que podem assimilar em meses? Por que precisam aprender matemática exatamente da mesma forma que foi ensinada há séculos? Por que sua visão de mundo deve ser segmentada, se eles podem unir ciência, espiritualidade e música em um mesmo pensamento? Por que chamar de dogmas, conceitos que para eles parecem tão comuns, como o nascimento, a morte, o divino, o amor?

Nada para eles é oculto, porque oculto para o índigo é apenas aquilo que se precisa fechar os olhos para enxergar. Apenas isso. Oculto não é o inalcansável, difícil, errado, distante, proibido, temido. É apenas e simplesmente oculto. Aquilo que se vê quando se está no escuro da alma.

Mas alguns sofrem com isso. Procuram entendimento e aceitação, tentam explicar como vêem a verdade da vida, mas encontram revolta e desespero nos olhos que os rodeiam.

Afinal, quase todo mundo deseja um filho normal: que estude normalmente, que aceite as regras normalmente, que se encaixe na sociedade normalmente, que tenha amigos normais, objetivos normais, crie uma vida normal, tenha uma carreira de respeito e próspera, que encontre um parceiro ou parceira normal (do sexo oposto, inclusive) e encha sua vida de filhinhos normais, os netinhos desejados pelos seus amorosos pais normais.

Lendo isso, você sente desespero? Dá vontade de sair correndo ou gritar? Pois é. Então você nasceu índigo, ou já aprendeu a vibrar a sua energia, depois de muita transformação na vida. Senão, se achou toda esta idéia "normalmente" aceitável, você deve estar fazendo algum índigo sofrer. Pode acreditar.
Se você tem filhos - ou netos, sobrinhos - e planejou sua vida como se eles fossem coadjuvantes da sua história, você pode estar criando sofrimento. Se as surpresas da vida são vistas como frustrações, se sempre pensa que queria que tudo fosse assim ou assado quando era mais novo, que sonhava com tal vida em família e tal futuro para seus filhos, você está sofrendo, mas o pior é que está levando um índigo potencialmente pronto para transformar o mundo a se degradar apenas para te agradar. Ou pode perdê-lo.

Porque eles sofrem. E reagem como podem. Sem amor, ou apoio, alguns se desesperam. Usam drogas ou álcool para conseguir enfrentar seu dia a dia de incompreensão. Outros rompem com as famílias e se unem a iguais para seguir em frente com seus sonhos. Muitos são bem sucedidos, mesmo assim. Outros desistem de viver.

E tenho notado outros, menos óbvios e fora das estatísticas mais conhecidas, mas nem por isso menos preocupantes: ou que se negam, ou tentam se adequar.

Os índigos que se obrigam a viver como "seres adequados", se fecham, e acabam aceitando que tudo que acreditavam era apenas um sonho. Olham em volta, vêem suas tentativas frustradas como provas de sua incompetência e resolvem aceitar a maré que os envolve. Se tornam pessoas medíocres, pequenas e frustradas, um mínino daquilo que poderiam ser, se livres das correntes de paradigmas e valores da sociedade.

Mas isso não é o pior. Tenho presenciado vários problemas de saúde gerados em seus corpos físicos, por conta da instabilidade dos seus corpos emocionais e mentais. Estão adoecendo.

Escuto relatos de desmaios, enxaquecas fortíssimas, problemas gástricos e intestinais crônicos, dores de coluna e articulações que limitam suas vidas gravemente. Sei que devem existir muitos outros sintomas, mas infelizmente, não posso encontrá-los todos e dividir com eles suas dores.

Mas mesmo assim, me dói.

Penso por aqui, eu mesma, sozinha, o que posso fazer a mais para ajudar? Minha própria energia índigo frustrada já me deu algumas dores que preciso tratar...


E olhando para minha janela, suspiro profundamente ao céu azul (anil, não índigo), peço ajuda, e sinto sem perceber a certeza de que tudo sempre é como deve ser. Alguém sempre chega, se esta for a verdade maior. É tudo parte de um plano maior ao qual não temos acesso consciente.

A maior qualidade do índigo afinal, está na fé em si mesmo. Ele sabe que faz parte de um todo e que alguém sempre fará a diferença em algum outro lugar.



Aqui da minha janela respiro todos eles, por alguns instantes. Olho em volta, vejo meus amigos que me fazem pensar que tudo ficará bem.

Então, posso continuar sonhando. Prefiro acreditar que esta seja a minha maior virtude.






quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Portal 11:11 - Conseguimos!



Uma história
Momento de espera. Ou de trabalho. Apesar de ser apenas um momento, era o esperado por décadas de esforço e sonho.
O corpo se tornava mais leve – ou mais pesado, afundado ao chão, quem sabe? – e a alma transcorria estradas internas e externas, fazendo voar.
Arrebatado por ventos e canções, meu espírito encontrou pouso no ponto mais alto de uma nua montanha. À frente, um abismo infinito me separava da continuação da estrada. Atrás... Bom, eu não me virei para trás.
Apenas uma frágil ponte de madeira e corda balançava entre os dois penhascos, unindo-os de maneira sutil, mas real.
Atravessá-la foi meu único pensamento, e o andar, silencioso e verdadeiro. A cada pedaço de tábua que tocava meus pés, meu coração se sentia mais leve e próximo de algo novo. Pensava em coisas que iam, coisas que seriam, coisas que não eram mais.
E, não, eu não olhei para trás.
Quando finalmente meus pés pisaram em terra firme, olhei para a nova paisagem, e vi águas brotarem da terra, por todo lugar. As novas corredeiras criavam caminhos novos, lavavam campos e vales, contornando rochas e cidades, iluminando tudo que tocava. Águas, por todos os cantos que podiam brotar.
Fechando meus olhos, sorri sem perceber, e senti naquelas águas, então, doces lágrimas da Mãe, emocionada pelo amor que recebia, pela liberdade que conquistava, pela missão que cumpria. Era a Mãe retornando aos seus filhos a prosperidade e abundância que apenas o seu seio pode oferecer.
Mas apesar de toda a água, havia calor, o chão pulsava quente, revelando um coração ardente que acolhia os primeiros sonhos de uma nova era.
Finalmente, o sol estava acabando de nascer. Voltei meus olhos ao céu, e a Luz me tomou por completo, invadindo meu ser e transformando tudo ao meu redor.


A paisagem se tornou completa de alguma forma, parecia que o esperado acontecia. Demorei alguns segundos para entender que a completude que sentia era o casamento cósmico e sagrado. O Sol brilhava e era o Pai dizendo que abençoava a caminhada, e iluminava o novo caminho a seguir. E com isso, acariciava a Mãe, aquecendo-a, abraçando-a, e deixando tudo mais claro para que ela seguisse.
Só então quis olhar para o percurso percorrido. Não havia mais ponte alguma, apenas um imenso abismo que separava dois mundos, diferentes, mas verdadeiros o bastante para fazerem parte da mesma história. Não havia mais troca. Ou volta.
O sol brilhava à minha frente, e me permiti o silêncio dourado dos momentos de paz.
Estava tudo bem. A ponte havia se dissolvido, o passado havia ficado para trás, mas dormia, seguro que era honrado e amado. Somente não era mais vivido.
O céu se tornava laranja contrastando o azul de sempre. E novas canções podiam ser ouvidas.
Pessoas cantavam uníssonas, muitas, milhares delas. Todas invocavam luzes internas, e brilhavam diante dos seus próprios corações.
Eu, acostumada que estou a cantar canções da alma, me emocionei, e como a Mãe Terra, chorei. Eram muitas, mais, muito mais que em qualquer outro momento. Queriam o mesmo, queriam amor, respeito, e liberdade. Queriam entender, viver, compartilhar. Queriam chances de mostrar quanta Luz carregam e podem fazer brilhar. E fizeram. Fizeram mágica.
O ar se tornou mais límpido, ficou mais fácil respirar. O verde das árvores cantou sons de alegria e quase podia se comunicar. O coro das quedas d’agua se unia às cidades em polvorosa. O mundo ainda buscava progresso, mas em compasso com a beleza que faz dele especial e pleno. Crianças sorriam, enquanto senhores estudavam teses e experimentos. Flores se abriam, enquanto novos equipamentos garantiam a vida com facilidade e limpeza.
Era a mágica acontecendo. E eu podia simplesmente olhar.
A humanidade cantava uma canção de várias línguas, que parecia perfeita e ritmada. E sua casa permanecia cada vez mais calma, percebendo que agora poderia pensar em descansar um pouco.
Foram segundos. Um momento. Em um momento uma pequena parte da humanidade fez uma onda de limpeza e renascimento correr pela Terra, transmutando sua aura, suas dores, seus medos, seus dilemas e equívocos. Um momento para se acreditar que sentir e pensar amor é a força mais poderosa que existe.
Era amanhecer. Eu via casas e prédios contra o sol que nascia, e sentia estar à frente de uma pintura de sonhos.
Eram isso. Sonhos. Eles simplesmente foram libertos, de todos os corações, em um único momento.
Quando os segundos se findaram, eu me vi deitada novamente, respirando ofegante, diante do meu altar. Sentia minha alma livre, atemporal, plena de passado, presente e futuro e apenas sabia que nada mais poderia ser igual. Nada mais será.
E pouco a pouco, todos que fizeram a escolha, sem exceção, sentirão que suas pontes ruíram, e está tudo bem. Existem novas metas para buscar, e ainda podem – e devem! – caminhar.
Abri os olhos ainda marejados, e vi a imagem da Senhora em seus cabelos de fogo, seu olhar penetrante e sua aura de Luz.
“O ciclo se completa com louvor e glória. Cada pedaço de amor – ou dor – volta ao seu lugar de origem, e todos podem ser divinos dentro da sua Luz. Cada um encontrou sua escolha ao espelho, e não há mais momentos de filhos ou pais. Somos todos Um. Gaia encontrou o caminho na elipse da evolução, e seus filhos a elevaram até o ponto de encontro com o que ainda virá. Ela fez por eles, eles retornaram por ela. Ela aceita seus esforços, e os ajuda a se libertarem de suas dores.”
E olhando para mim com aquele olhar (aquele que atravessa a alma, te desnuda e aquece ao mesmo tempo) ela sorriu.
“Já pode descansar. Gaia recebe de volta o que entregou a você e a suas irmãs. A parceria não se finda, apenas cria asas, cresce e se liberta. Agora restam deusas, que voam através da Mãe que as criou. E aos poucos se lembrarão do que são, e o que se guardava por trás dos véus do trabalho que agora se cumpre.”
Não pude dizer nada. Observava em silêncio o meu coração explodir em luz e cor.
E fiquei ainda ali, por algum tempo, compreendendo, agradecendo e amando, o que acabáramos de realizar.

Ainda há muito a fazer

O último Portal 11:11 se manifestou, com um sucesso jamais visto na história da humanidade. É particularmente especial o fato de tantos corações vibrarem Luz em meio a um mundo cercado de equívocos, de valores materiais ilusórios e com tanta sede de justiça.
Mas aconteceu. E tudo mudou, mesmo que a maioria diga que não.
Mas o que aconteceu?
Todos os sonhos foram alimentados pela Nova Energia. Quem ousou sonhar naqueles momentos de mentalização coletiva, ou mesmo nos últimos anos de tantas transformações, sabe o que digo. Tudo agora parece mais perto da realidade.
Nossa Fé foi alimentada. Não a Fé em algo criado, em histórias contadas em livros sagrados. A Fé em nós mesmos, e no que podemos realizar, a Fé na nossa própria divindade. De repente, ficou possível.
Não que ficasse fácil, ou instantâneo. Teremos desafios e questões a resolver, nós sabemos disso. Não ficamos tolos e irresponsáveis. Nós apenas acreditamos e tudo ficou plenamente realizável. Isso é maravilhoso!
A Nova Energia brilha do centro da Terra, e só pode ser acessada pelo coração. Não pela visão romântica do coração, mas pela visão espiritual: aquele que carrega nossas
Verdades, nossas vontades pessoais livres das influências do mundo externo. Quem somos de verdade? O que queremos ser? Em que acreditamos? O que queremos viver e o que deixaremos para trás?
Estas questões serão cada vez mais colocadas em nossa estrada, e, à medida que decidirmos por nós, e não por valores antiquados ou pelos outros, receberemos energia para alavancar nossos belos sonhos.
Mas o que é receber energia? É acordar com vontade, é ter força para não desistir dos sonhos nos primeiros obstáculos, é acreditar mais em nós mesmos do que em valores que nos ensinaram, é encontrar as pessoas certas que nos ajudarão nas tarefas, é termos o corpo vibrando equilíbrio e assim conquistarmos saúde mental, física e emocional.
Alguns farão coisas que sempre quiseram e não tinham coragem. Outros descobrirão vontades novas que na verdade sempre existiram, mas não podiam respirar. Encontros e despedidas. Algumas dores para encontrar novas alegrias. Enfim, vida.
Sobre a Velha Energia que se finda, ouvi uma metáfora bem interessante, quando tentava explicar o processo, talvez seja útil para alguém.
Pense que as antigas energias sutis existiam na camada energética da Terra, como as reservas de petróleo no seu subsolo. Apesar de esforços serem feitos todos os dias para criar novas formas de energia, pois sabemos que é uma fonte limitada, o mundo atual foi criado com base no petróleo e precisa dele para continuar existindo como é.

Mas imagine lá na frente. Imagine a última gota sendo extraída. Se as reservas se extinguirem, as conseqüências não serão instantâneas, levará algum tempo até as pessoas terem consciência disso, e mais um tempo ainda maior para que isso influencie nas suas vidas. E ainda teremos as reservas de distribuidoras, dos postos, dos carros.

Podemos prever corridas pelo pouco que restaria, saques e disputas (é o que sentiremos entre os que se alimentam da velha energia), mas nada impedirá a extinção da fonte. Em algum momento ela se findará, e tudo o que se move através dela, não mais funcionará.

Este será o momento de se voltarem para os pesquisadores, para as pessoas de cabeça e consciência aberta que há muito já sabiam que isso aconteceria, e se prepararam para aquele momento. Deixarão de ser lunáticos, para se tornarem a esperança.
A falta de petróleo nós sabemos onde pode chegar. Mas o que acontece com a Velha Energia se extinguindo?

Doenças, mortes, desilusão, desencontros, perturbação, conflitos por coisas que nem valem mais a pena, perda da fé em antigos valores, perda de poder de grandes líderes, quem sabe?
Apesar de um quadro aparentemente triste, ele retrata a queda da falta de respeito, da falta de liberdade, da falta de amor, e a oportunidade da humanidade renascer.
Claro que todos nós que já prevíamos a extinção da fonte queremos mesmo é paz, e continuaremos a vibrar Amor para a humanidade e para o planeta.
Contribuiremos com a elevação de consciência de cada vez mais pessoas, amenizando o caos e a tristeza.

Mas agora temos um novo horizonte. Agora é o momento de focarmos as nossas realizações pessoais com amor e

justiça, na intenção de construir algo novo, individualmente, cada um na sua missão: novos projetos de vida, uma nova profissão, um novo negócio, um casamento, um filho, uma nova casa, uma nova história, uma nova forma de se relacionar com as mesmas pessoas de sempre, novas maneiras de conviver com o tempo, com a alegria, o amor, o sexo, a comida, a dança, as amizades, as ambições. O novo está em todo o lugar, oferecendo uma nova forma de viver. Aproveite!
E a cada dia, agradeça. Pois tudo só esta acontecendo, por puro Amor. Seja da Mãe e do Pai, seja do outro ao nosso lado, de quem está do outro lado do mundo, ou nosso próprio amor.

E isso é simplesmente maravilhoso.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Amanhã será hora de voar

Uma poesia, uma história
"Cansei de viver sonhando
com coisas que deveriam ser reais
Cansei de pedir
o que já deveria ser meu
Cansei de explicar
o que já deveria ser sabido
Cansei de repetir
coisas que já nem acredito
Cansei, cansei, cansei
Cansei do beijo, da cor,
do suor, do cheiro,
cansei da dor
Cansei do olhar vago
como se eu fosse transparente
Cansei de olhar no espelho
e não saber quem vejo
Cansei de dizer coisas
que ninguém escuta
Cansei, minha Deusa, cansei
Graças a Deus,
Eu cansei."

Dentro da Tríade que forma a Deusa - virgem e filha , amante e mãe, e sábia anciã - a mulher ainda tateia o chão, querendo levantar.
Amante e mãe, mãe e amante. E ainda eu mesma.
Ainda sinto o chão duro sob meu corpo, o ar quente, e um cansaço inerte de quem esteve parada na mesma posição por tanto tempo que não sabe mais afirmar quanto.
Cansada de guerra. Cansada da luta no mundo sem sonhos.
Acordar a mulher, a consorte, a amante. Tarefa infinitamente complicada para alguém que já nasceu anciã. Ou simplesmente, guerreira.
A mera imagem do que pode ser, assusta, mas apaixona. O poder é imenso, o olhar profundo e certeiro, o corpo quente e vivo. As mãos – especialmente as mãos – são delicadas e sábias, flexíveis, veladas, focadas e fortes. A pele macia sente demais. Não raro quando se ouve um pedido para que se acalme a sensibilidade aflorada, por não controlar os sentidos, por perder, chorar, por não saber se resguardar.
Os cabelos são como coroas e mantos, emoldurando, dignificando a deusa que os carrega. Assisto o amor que têm por eles, e, com um aperto ao peito, sinto uma memória nublada, e a certeza de saber ser um castigo especialmente cruel ser obrigada a ficar sem eles.
Ser mulher. Viver mulher. Vibrar mulher. Conviver mulher. Compartilhar mulher. Dividir mulher. Doar mulher. Receber mulher.
Este resgate é infinitamente duro, mas ao mesmo tempo, a coisa mais importante neste momento.
Manifestar a Deusa através do corpo, do sangue, do coração. Cicatrizar, através da sabedoria e amor, as dores e memórias antigas, e renascer com belas asas, voando longe do casulo onde se viveu por tanto tempo. Mas há tanto a aprender...
A cada nova tentativa, um passo dado, mas ainda falta um pouco de força – ou de sabedoria.
Novas cicatrizes, contempladas com um quê de tristeza, demoradamente, acompanham o pensamento de que “acreditava ser desta vez que eu poderia voar...”
Uma irmã mais sábia me canta uma canção de consolo: “A dor é uma ilusão que alimenta a falta de segurança da alma. Não existe o duro chão, ou cortes no seu belo corpo de luz. Este é o espelho que “o que já não é” reflete. Ilusão.
Eu quero muito levantar. Mais que tudo. Mas não consegui ainda.
A cada dia eu percebo mais que estou pronta, que curei minhas feridas, que abri minhas verdades, que recebi ajuda e amor. A cada dia eu acredito mais que posso levantar.
Eu sei que quando isso acontecer, tudo o que ficará será passado, e nada mais levarei comigo. Serei apenas eu mesma, sem mais nada externo a me confundir as verdades.
Mas ainda não pude.

Eu fiquei olhando o céu, a janela, o sol brilhando, me convidando a sair. Eu sonhei com o que faria se levantasse. Eu sorri sozinha.
Aconcheguei meu corpo ao travesseiro, e senti uma mão leve e rósea acariciar meus cabelos, continuando a cantar “calma, você tem tempo...
E não fui. Fiquei. E ficando, tudo ficou como está.
E me arrastei por mais um dia inteiro, vivendo o passado que já não é.
Quem sabe amanhã...


Sobreviver...

Tem sido um período desafiador e intenso.
Tantas dores a libertar...
Peço ao Céu que transmita toda a energia que a família de Luz permite que eu focalize e sustente, a todas as minhas amadas irmãs que ainda procuram sua Paz interna.

Foco na cura do coração cansado que estressa o corpo, que faz doer a coluna, as pernas, a cabeça, a alma.
Foco na beleza da alma que é pura de Luz.
Porque o dom de criar um novo amanhã é apenas seu! De mais ninguém!
É no seu ventre que o rebento sagrado é gerado, iluminado com o sêmem do Masculino Verdadeiro, este que respeita e ama, sem machucar.
O mundo agora é o que você sente e vê, e não o que te vendem com lógicas que não fazem mais sentido algum.
Não deixe que te enganem.
Liberdade. Mesmo que muito cara.
Mesmo porque, cara demais, é a morte dos seus sonhos.
Sobreviver. Para poder, enfim, renascer.

Um grande beijo a todas as guerreiras da Luz (e aos cavaleiros que, corajosamente, se dispoem a amá-las).

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Fechando o Ciclo - 11:11

Uma história

Estou nas brumas. As mesmas que me envolveram quando o inevitável aconteceu. Não sinto dor, nem medo. Sinto saudades, melancolia, nostalgia doce de algo que existe em algum lugar, mas ao mesmo tempo, parece estar voltando para dentro de mim.
Há dias, resgatei meu baú pessoal, e reencontrei minha bela pérola azulada; a energia da Lemúria que mora em mim estava ali, ao meu toque e sensação (contei esta história dias atrás). Não quis ficar lá, mas voltando, ainda não compreendi o que restou, mudou ou transcendeu em mim.
As vozes se cessaram há alguns dias, depois de mais de vinte e quatro anos.
“Elas não se foram. Estamos todos aqui.”
Então por que me sinto tão só, escuto um silêncio enorme e não percebo mais ninguém? Em que sintonia estranha eu estou vibrando?
“Está tudo bem. Esta é a hora do silêncio. Do Silêncio Sagrado.
Tudo já foi feito e escolhido. Estamos a uma pequena parte de tempo das grandes aberturas. O mundo renasce dentro dele mesmo, assim como cada uma das almas conscientes.
É justo que isto aconteça, pois as dores da transformação foram repartidas e compartilhadas – dúvidas e revoluções – e agora, o renascimento e sua glória, também.
Nada pode ser efetivamente planejado agora, antes do nascimento. É tempo de espera, de recolhimento, de análise, de agrupamento, de juntar energias. O fazer virá. Isto é certo. Como quer participar?”
Eu não sei. Penso dentro do meu coração, e sinto algo. Eu quero ser por fora o que sou por dentro. Quero que as pessoas me vejam sem máscaras. Quero me libertar das expectativas dos outros, e acredito que a melhor forma de fazer isso é ser externamente o que aprendi e aceitei ser por dentro nestes últimos anos de auto-conhecimento, transformação e muita dor vencida e curada.
Eu não quero mais ter que fazer coisas ou ter que ter atitudes. Eu quero libertar naturalmente o que nasce dentro de mim, e ver florescer, sem pressão ou culpa. Eu quero poder servir a mim mesma.
“Pois é isto que falta. Deixando de servir ao outro, uma enorme cratera se abriu em sua mente, apesar de ter certeza de que seu coração está mais livre e leve. Esse vazio só pode ser preenchido pelo auto-serviço. Precisa servir a você mesma! Cuidado, você não pode procurar outros senhores, sem perceber. Ninguém de Luz pedirá seus serviços. Ao contrário, todos oferecerão apenas parceria.”
A voz doce de Guinevere se vai com perfume de rosas.
Outra mais forte chega.

“Você não precisa que ninguém dê permissão para que inicie, ou que te ditem regras. Você está a serviço de si mesma, e isto é novo em vários milênios de vida. Madalena não quer seguidoras, ela quer irmãs.”

E a voz me arrebata, como há tantos anos acontece comigo, e já faz parte do que conheço por normal. Meu corpo sutil está em outro lugar. As cores são mais nítidas e brilhantes. Vejo uma fonte de água, feita de belas pedras artisticamente postas em círculo, em meio a um bosque. Joana, a dona da Voz, está ao meu lado, com seu vestido azul claro e branco, segurando a saia, e me oferecendo um copo de sua água.
“É a água da consciência. Ajuda a limpar a alma de sentimentos que precisam ir, libertando assim a mente criativa e a visão apurada.”
Fecho os olhos e respiro profundamente, antes de encarar o copo de ouro belamente entalhado. Eu desejo muito que a água traga o que contém, para dentro de mim. Mas você acha que estou preparada para viver isso, Joana?
“Mas então não chegou você mesma até aqui?
Não enfrentou distâncias, separações, decepções, tristezas e dores físicas agudas e internas? Não foi olhada como nunca quis ser, não disse o que nunca desejou ter que dizer, não rompeu as barreiras da sua armadura interna de honra e idealização de vida? Por que não querer a cura para as feridas que surgiram na estrada da sua história?”
Respirei sem respostas. Aquela água me parece poder enterrar tudo que conheço como verdade e real até agora, ou o que minha consciência pode ver desta forma. O que isto pode gerar?
Joana, então, faz o de sempre: me desafia.
“Não acredita que sua essência sabe escolher?”
A água é doce e de temperatura amena. Sinto que ela corre no meu corpo, levando um friozinho ao peito.
Sento em uma pedra, ao lado da fonte, para pensar e colocar minhas idéias e meu corpo mental no lugar – parecia que era mesmo neste nível que ela tinha maior poder. Ela me olhava, brilhante de Luz.
“Este mundo é seu! Há éons de luz que luta e dedica energia a ele! Já o viu desabar várias vezes, já morreu e renasceu com ele tantas vezes pôde suportar. Não acha que é o bastante?
Mas não foi por ele que caiu, mas pelos que nele vivem. Por você, por mim, por todos nós. Mas agora, cada um pode andar ao encontro de seu próprio destino.”
Por que ainda não faço o que me propus a fazer? Por que empaco, não ando, vejo o tempo passar e não crio através dele?
“Porque precisa abrir a última cortina. É ela que se vai agora. Com ela vão os equívocos e todas as razões desencontradas com a verdade.
Assumirá você mesma, com tudo que a inclui. Sem medos ou reservas. Preparada para apenas existir e honrar seus dias como senhora da Luz.”
Joana, o mundo ainda me parece bem pesado. Somos nós que vamos aprender a conviver com isso ou ele vai mudar de repente?
“Ele já mudou!”
Mas e tudo que vemos todos os dias?
“São ilusões, irmã. Vão definhar com o tempo, assim como os sistemas, os valores, os poderes e os corpos que se alimentam delas. Muitas mortes, muitas quedas, muitas doenças, muitas tragédias. Simplesmente porque não existe mais a grande raiz que as sustentou por milênios.
É claro que leva algum tempo para que estas coisas aconteçam, pois a raiz sempre foi forte e não cairá de uma hora para outra. E vão se segurar firmemente ao que puderem, até o fim. Mas ela já está morta. O coração da Terra antiga já morreu, se desligou do mundo tridimensional, e seu último suspiro se vai neste último portal. Quem fica ligado a ela será como os espíritos perdidos que se prendem ao corpo que se decompõe. Triste, lento e dolorido. Mas inevitável.
Tudo o que você vê já não é mais. É só uma casca sem chão nem vida, que desabará em algum momento.”

Algo dentro de mim ficou mais calmo, então. Então é verdade o que sinto...

“Se você arranca uma planta da terra e a deixa descoberta, sem terra ou água, ela não morrerá na hora. Vai definhar aos poucos, perder o viço, a beleza, começar a secar, até que finalmente, morrerá. O tempo depende de quão forte ela era e de quanta energia acumulou dentro de si. Mas morrerá em algum momento.
Tudo o que dói agora é o que está ligado ao antigo e sem vida, e que agora agoniza sem alimento. A dor agora não é mais uma realidade. Se tem dores no corpo, na alma ou nos pensamentos, liberte-as imediatamente, pois estão ancorando parte de você no antigo. A fonte de vida antiga foi encerrada, e tudo que precisa dela para viver, com o tempo, adoecerá e morrerá com ela. Não importa quanto tempo esta energia vai levar para se dissipar de cada célula ainda vigente, mas ela vai terminar. E quando terminar, apenas a nova fonte alimentará as novas consciências.
Mas se plantarmos a árvore arrancada às pressas em novas terras, ela ainda sofrerá, levará tempo para se adaptar, mas poderá sobreviver. É o que pode acontecer com os que recorrerem aos últimos momentos de transição. Será um período penoso, traumático, mas possível de terminar com sucesso.
Poderá parecer um longo período para eles, mas é bem pequeno para a história do planeta e de cada indivíduo em questão.
Quase tudo o que foi arrancado aos poucos da velha energia nestes últimos anos, foi feito com uma parcela de dor. Não porque deveria ser assim, mas porque o apego é maior que a entrega. O apego gera dor, a entrega traz esperança. O apego preza a segurança. A entrega substitui a idéia de segurança pelo sentimento da fé.
As brumas são verdadeiras. Elas significam que a nova energia ainda não foi compreendida e desvendada. Mas já foi alcançada! Isso é muito bom.
Agora que já abasteceu sua alma com a água sagrada, lembre-se de que sempre uma Senhora guarda as águas dos acontecimentos e do que será. Isto marca um ponto sagrado. Isto é o que aconteceu aqui, isto já aconteceu há muitos milênios atrás, você sabe.”
Eu sabia do que ela estava falando, e memórias antigas me invadiram docemente.
E ela sorriu, finalmente. E eu sorri de volta, aliviada.
Está tudo bem. A dor vai cessar na medida que eu deixar ir. Mas deixar ir o que? Tudo que estiver relacionado com a dor. Esta é uma viagem pessoal e intransferível.
Voltando, meu corpo físico parece mais forte. Minha mente, mais leve.
Vibro para que os vazios sejam preenchidos por nova energia ainda a ser revelada. E não peço controle de tudo. Minha mente ainda não poderia entender e controlar todos os mistérios que vivemos nesta era de ouro e luz.
E usando as palavras de um velho amigo, apenas me desejei “Luz, paz e prosperidade!”.


Portal 11/11/2011

É quase inacreditável que chegamos todos até aqui. Depois de décadas de trabalho e busca, esforço e entrega, estamos nos alinhando com o momento clímax do trabalho do 11:11, a entrega final.
Neste último portal, finalmente o coração da antiga Terra será totalmente transmutado, e sua energia não mais fluirá. Sei que existem mais outras dezenas de explicações e detalhes específicos sobre o momento astronômico e cósmico para estes dias, mas minha intenção é – como sempre – falar de alma e coração.
Toda a comunidade de Luz está resplandecente, comemorando a vitória e conquista. Eu, pessoalmente, estou aliviada, pois as dores de transição estão se cessando a cada dia, e a chama da alegria pode novamente dar o sinal da sua graça na minha luz interna. Terminamos os dias de trazer para dentro de cada uma de nós, voluntárias filhas de Shekinah, uma parcela da dor do mundo para transmutar e libertar. Isso é muito bom de sentir. Liberdade.
Neste dia 11 de Novembro de 2011, a chama antiga será finalmente apagada, e isto significa que a nova chama atingirá pela primeira vez, o seu potencial total. Algumas divergências de datas foram divulgadas (alguns afirmam que a concretização da transferência ocorre dia 21/12/2011, aproveitando a energia do Solstício, e outros a colocam no final do ano que vem), para mim, que me coloco no colo da energia Mãe, acredito que estes são apenas detalhes. Não importam dias ou meses depois de séculos de trabalho. O importante é que meu coração sente – como muitas irmãs e irmãos pelo planeta – que algo novo resplandece apesar das dores e fortalece mudanças e esperanças no mundo todo.
Para os que compartilham da Energia da Mãe, entretanto, a data citada foi informada como final, e repasso o que foi transmitido nos círculos de Luz: conectem suas energias aos novos valores – responsabilidade pelos próprios atos e suas conseqüências, respeito e amor às diferenças, igualdade entre todos os valores e pensamentos, poder pessoal, auto-estima e auto-aceitação, e liberdade para qualquer verdade – e aproveitem o colo da Grande Mãe no processo de ancorá-los na sua vida pessoal.
Li várias recomendações para este dia, como meditações às 11:11hs, não comer carne, não ir trabalhar.
Muitas pessoas me perguntam: mas afinal, o que vai acontecer?
É muito simples: a energia velha será desligada. Tudo o que precisa dela para viver, que já está em colapso energético há algum tempo, deixará de ser alimentado, e só a nova fonte vibrará. Alguns sentirão uma alegria incrível, ou alívio, ou o silêncio. Outros, dor e solidão. Talvez desespero. Mas acreditamos ser impossível alguém ficar totalmente alienado ao processo.
Outra pergunta frequente: “mas se esta nova energia estará disponível agora, para sempre, por que se esforçar tanto para recebê-la exatamente neste momento?”
Porque o momento de transição define a força de ignição com a qual o novo coração irá pulsar. Quanto mais pessoas atraírem sua energia no momento inicial, mais forte a energia nova pulsará pela Terra, maior força ela poderá libertar e seu curso será mais dinâmico e proveitoso. É mais ou menos como que se a demanda definisse a potência com a qual a energia será impulsionada.

Sabendo disso, fica lógico que, se o corpo físico estiver mais leve (sem alimentos de energia pesada para digerir como carne, muita gordura e enlatados) terá mais condições de absorver maior quantidade de energia que será emanada pelo novo centro.
E é claro que se você puder estar em um lugar sagrado, meditando no seu Silêncio Sagrado, em vez de atendendo clientes ou em reuniões de negócio, seu corpo mental será muito mais agraciado.
E se puder dividir este momento depois de um bom banho aromático, vestindo algo claro e confortável, com pessoas que ama e se importa, cercado de flores e imagens agradáveis, seu corpo emocional se abrirá mais facilmente para tudo que virá.
E definindo dia, hora e minuto, fica mais fácil agrupar intenções.
È uma questão de lógica, não acha? Nada de segredos...
O importante é que cada um faça o que for possível e mais coerente com suas convicções e prioridades, nestes momentos.
Quanto ao fuso horário, alguns definem o horário de Greenwich, outros, os horários locais. Para a Mãe Terra, porém, um ciclo de um dia (a cada hora, um pedaço dela acionando sua energia) é tão proveitoso quanto todos exatamente ao mesmo tempo. Diante da grandeza da sua vida e da sua longa jornada, um dia é praticamente um mesmo momento.
Eu acredito que estamos entrando na era da Liberdade e da diversidade. Se tudo fosse regrado com dureza inflexível seria, já no conceito, contraditório à energia que quer sustentar. Discussões sobre recomendações e obrigações não podem se manifestar na nova energia. Todos que recebem esclarecimentos têm a missão de propagá-los, e de aceitar os esclarecimentos de todos os outros, pois cada um encontrará eco em seu coração sobre qual direção tomar. E todas estão certas, quando refletem um coração em trabalho à Luz, e se completam, ao invés de se contradizer.


E como sempre digo para minhas filhas: tudo sempre fica bem, quando obedecemos ao nosso coração.

E não se esqueçam de compartilhar suas experiências! Feliz portal para todos!

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Renascer

Uma história

De repente, tudo parecia não fazer mais sentido. Eu olhava em volta, via os antigos costumes, os mesmos nomes, e não entendia porque não me sentia da mesma forma de sempre.






Era meu aniversário, e senti vontade de ficar longe de tudo, e perto do mar.
Na viagem, entre as brumas que tomavam conta de mim e as reais, que subiam das matas e represas e dificultavam a visão dos motoristas, eu sentia um imenso vazio.
Segui, então, em silêncio, como em uma grande prece.


Ver o mar sempre me preenche. Não senti desta vez, porém, a nostalgia de anos atrás onde eu queria adentrar nas ondas e nadar, nadar sem parar, e fingir que ali ainda era o meu lugar. Nem a euforia que sentia quando invocava a Grande Presença masculina dos Oceanos e recebia sua bênção e proteção paterna que tanto sentia falta.
Eu apenas o respirei.

Eu levei o mar para dentro de mim, assim, inteiro, com sua vida e seus mistérios, e percebi que estava tudo bem. Eu estava curada da nossa separação.
Fixei minha visão no horizonte, onde ele toca o céu, onde dois complementares se abraçam, e respirei meu Silêncio Sagrado.
Não havia mais as pessoas, as vozes, os movimentos. Apenas um mágico momento vazio.
Mergulhei finalmente, em um ponto etéreo do mar.

Muito longe dali, um ponto no Pacifico, onde o fundo do mar se levanta e forma uma cordilheira submersa.
Era muito iluminado e a areia incrivelmente branca. Eu estava acompanhada de um velho amigo espiritual que parecia tão interessado quanto eu naquela missão.
Eu procurava. Por algumas vezes, vi de relance alguns outros focos de luz procurando algo também, mas não me ative neles. Eu procurava o “meu” algo.
Junto a algumas pedras, pude avistar um pequeno baú e fiquei totalmente atraída por ele. Apesar de sentir que estava abandonado há milênios, estava limpo e resplandecente, como se fosse totalmente novo. Era de um dourado pálido, como todas as cores ali. Não vibravam intensas como no interior da Terra, ou sob a luz do Sol. No fundo da mar, no campo sutil, as cores são pálidas e frescas, mas não menos belas.
Quando peguei o baú nas mãos, logo pensei que precisaria de uma chave para abri-lo. E foi imediata a minha lembrança da chave dourava que via há mais de uma década em minhas viagens espirituais xamânicas de auto-conhecimento. A chave dourada, com três pétalas esculpidas, que liguei à Chama Trina e depois, à Flor-de-Lis.
Mas não havia fechadura no baú. Ele não estava trancado. Era apenas abri-lo.
Dentro dele, uma bela pérola do tamanho da palma da minha mão, brilhava. Seu tom azul-muito-claro-pálido me tocou e comecei a chorar. Aquilo era o meu tesouro.
“Muitos guardaram tesouros para o momento que viria. Colocaram neles seus mais doces sonhos, seus momentos felizes, mas principalmente, seus dons que precisaram guardar.
Sofreram, buscaram, se perderam, lamentaram. Mas hoje o planeta oferece novamente suporte para que os sonhos sejam revelados e alimentados.”
Eu senti um amor enorme pela pérola azulada. Com ela, surgiam lembranças, imagens, e esperança. Senti meu coração bater forte e meu peito inchar de energia. Nele, sim, existia uma fechadura.
Lembrei de uma visão que tive, onde uma mulher triste com seu coração acorrentado, tinha a chave (a mesma chave de sempre) nas mãos, mas não o abria. Ela parecia se proteger de algo, de alguma dor.



Agora estava eu com meu coração vibrando uma fechadura, segurando a coisa mais linda do mundo nas minhas mãos.
Fiz o que acreditei ser o mais verdadeiro. Invoquei minha chave dourada, e logo que a tive nas mãos, com ela abri meu coração. Um vento gelado saiu dele, revelando um vazio silencioso. Coloquei a pérola então no vazio que se abriu, e a mágica aconteceu.
Vários raios de luz saíram do meu peito e eu senti uma alegria sem igual. O mar tinha voltado a morar dentro de mim.

Percebi que não significava exatamente o mar, mas tudo que foi vivido e sonhado e depois enterrado nas profundezas dele, junto com o saudoso continente lemuriano.

Havia, nesta mágica, explicações para muitas questões, habilidades perdidas, verdades esquecidas. Eu parecia entender o mundo, e a mim mesma, em um só momento.
Mas foi breve. Logo voltei à praia um suspiro enorme surgiu dentro de mim e sorri.
Meu amigo invisível ao meu lado entrou na minha aura e juntos, vibramos um belo sol de amanhecer, envolvendo todos ao redor.
Ele me disse que, através da história, muitos de nós buscamos nossos tesouros perdidos.

As histórias de piratas devem ser para a memória lemuriana, como as histórias medievais são para o Santo Graal. Tudo faz sentido depois de revelado.


As belas brumas invadiram o céu, de repente, escondendo o brilho do sol.

Algo ainda deve ser revelado, as névoas dizem isso.

Talvez fosse hora de voltar. Tudo tem sua hora. É apenas uma questão de tempo e de fé.

Brumas

Algo está acontecendo. Ainda estou me sentindo estranha, distante e silenciosa, apesar de em paz.


O mundo todo me parece cercado por uma incrível camada de energia nebulosa – não pude evitar de lembrar das belas brumas de Avalon, antes da despedida de todas as magias, e recolhimento das belas histórias de honra e respeito ao Sagrado Feminino.
Acredito que a natureza sempre se encarrega de gerar nuvens – materiais ou etéreas – para nos preparar antes das grandes transformações. É como cada dia que nasce na serra, aqui onde moro: muita neblina, visão limitada para frente, facilitando o foco para dentro, antes de, finalmente, o sol aparecer, e nos dar mais uma oportunidade de escolhas e vida. É o momento da alma, do silêncio, da meditação da natureza. É naturalmente especial e mágico, se pudermos parar e transferir a energia para dentro de nós. Aí está o segredo de um dia bem vivido.
Nesta manhã especial – hoje é dia das bruxas, ou melhor, do Feminino Oculto –, voltando para mim mesma, meu chakra da coroa se abriu involuntariamente, me conectando com tudo e todos, em níveis altos e diversos. E eu senti algo diferente.
De repente, uma certeza enorme me cercou, dizendo que nada mais será como antes. Eu simplesmente suspirei e disse ao meu marido: “Tudo vai mudar”. Eu não apenas entendi, mas senti do fundo da minha alma, que vai mudar.
Sinto o mundo diferente. Além de tudo que sabemos – relevo, geografia, economia, política, religião, poder, valores –, as relações humanas parecem diferentes. Pessoas tendo ligações por similaridade de energia, de meta, de forma de pensamento e atitudes; valorizando mais seu tempo na Terra, percebendo que é pura besteira gastá-lo com convenções e pensando nas expectativas dos outros em relação a ela. E sendo mais livres e produtivas.
A energia nova que cerca o planeta tem uma capacidade especial de libertar e transmutar o que não é utilizado – assim como o Feng Shui nos manda fazer com peças de roupas não usadas, gastando energia e espaço no nosso armário – focando para isso, a mais pura energia Violeta.
Os sentimentos, valores, costumes, verdades que apenas fazem parte da nossa vida porque não os questionamos, ou porque queremos ser aceitos e amados pelos outros, estão se despedindo e todos sentem disso.



Sinto de repente que todos já decidiram o que querem e como querem viver suas vidas. Alguns se agarraram a conceitos passados, procurando segurança e força, outros se aventuraram nas brumas. E lá estão, a espera de um novo amanhecer, depois delas.
E eu estou entre elas, com meu belo e renovado coração. Estou dentro destas belas e esvoaçantes energias difusas, e não consigo viver mais que um dia após o outro, e os planos tem sido impossíveis de serem traçados.

A inconstância na energia é sentida o tempo todo, e eu, como ser do Raio Azul da certeza e determinação, vivo um desafio enorme a cada dia. Certeza? Só na minha fé em mim mesma, na minha essência e na minha vontade de ser divina e plena, em total equilíbrio no Todo. Só. É a única coisa que me parece real.
Mesmo assim, me sinto feliz, porque muitas partes minhas finalmente acordaram, depois de séculos de espera, e hoje respiram vida novamente. Como muitas mulheres e homens, resgatei valores antigos como o poder sagrado da maternidade, a magia da complementação pelo ato do amor, a divindade do prazer e da alegria, minha própria divindade e meu direito de escolha e atitude, entre muitas outras verdades que nos foram arrancadas pela cultura paternalista e pela negação do Feminino. Eu resgatei todos os valores que havia guardado no passado, na antiga Lemúria, e agora - como um milagre! - pulsam novamente no meu coração
(e qual não foi a minha surpresa quando, editando este post, eu me deparo com esta imagem, sem que eu procure, apenas me dando a certeza de que não estou só).


Lógico que alguma dor ainda acontece nos processos de renascimento pessoal, afinal, foram milênios de equívocos. Mas eu respeito a dor.
Livre das velhas idéias e valores que enalteciam o sofrimento e o sacrifício, mas como uma amante do outro lado que tudo tem, eu respeito a vivência da dor, como a bela complementação da vivência do amor na nossa dimensão.
Não me entenda mal, eu não sou masoquista. Mas tudo o que vivemos nos torna quem somos, sem exceção. Nesta escalada da dualidade, a dor - como energia masculina - trouxe foco, fé pessoal, nos fez transpassar limites antiquados, abriu novas janelas na alma por onde os segredos puderam sair, e transformou o ser. Ela tem sua função e valor.

O prazer, por sua vez totalmente feminino, liberta os segredos, dispersa e compartilha a energia, foca o outro, conserva as conquistas.

Juntos, formam o puro amor de doação e criatividade que agora procuramos ser capazes de sentir. Mas para gerar esta união, dor e prazer formaram o casamento perfeito na escalada da evolução. A natureza é sempre sábia.

As dimensões continuam se aproximando, se misturando, mas sinto mais facilidade em entrar e estabilizar o tipo de energia escolhido por cada um.


Os índigos adultos estão se encaminhando para seus postos de trabalho e transformação, gerando revoluções, quedas de poder, elucidação de sistemas corruptos e de abusos de uso do planeta. Tudo muito rápido e forte, como boa energia índigo que é...

Assim, como um deles, começo a ter certeza de que meu posto é aqui, escrevendo minhas sensações e visões das camadas que nos envolvem. Talvez apenas sentindo o que acontece, e repartindo com quem quiser e se interessar. Ou ajudando de forma mais efetiva, na transformação de alguém.

A entrada do meu novo ciclo me trouxe esta certeza. Pelo menos esta.

Lá fora, o céu continua cinza e misterioso. Dentro de mim, porém, alguns raios de amanhecer podem ser sentidos. É a magia do renascimento, o portal do aniversário, a Nova Energia, ou apenas o puro Amor pela vida humana e por este planeta que a acolhe. Ou tudo junto. Não importa.


Amanhã, acredito, estaremos todos vivendo novos relacionamentos, mais leves que a maioria dos atuais, tão baseados na antiga forma cármica de viver.

E que para todos, exista, como sempre, um belo resgate a ser feito, e uma bela paisagem a ser degustada e apreciada, depois das brumas atravessadas com coragem, fé e amor.

O que existirá depois das minhas belas nuvens mágicas?

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Opostos ou Complementares?


Uma História

De repente me reparti em dois.
Era uma estranha sensação, a de ser dois seres em um só. Percebi nitidamente: havia uma mulher à minha esquerda, ou melhor, eu era uma mulher na minha parte esquerda e um homem à direita. Entendi que todos nós somos duais, formados por estas energias conflitantes, mas complementares, os milenares yin e yang, e naquele momento eu estava prestes a discernir um do outro dentro de mim. Continuei respirando profundamente, de olhos fechados, me concentrando nas visões.
Minha atenção se voltou para a mulher. Era uma mulher jovem, com aparência de menos de trinta anos, mas muito, muito desgastada. Ela era triste, olhava sempre para baixo, e posso dizer, apesar de relutar em admitir essa percepção que tive, era muito, muito amarga. Sua beleza existia, mas ela não fazia nada para mostrá-la, realçá-la ou conservá-la. Ao contrário, seus cabelos, apesar de brilhantes estavam despenteados, sua pele sem viço. O corpo estava magro, mas não era rijo, estava como que desistindo de sustentar seu ser. Ela me dava impressão de se cuidar apenas para não esmorecer, continuar lutando e realizando, mas não tinha nada de belo naquilo. Sentia que ela poderia correr kilômetros se precisasse, ficar dias sem comer, ou no sol, ou no frio. Ela se cuidava para resistir e sobreviver, não carregava peso supérfluo, mas também nenhum sorriso fora de hora.
Vi nela a mesma corrente que já vi apertar meu coração. O coração dela, aliás, estava a mostra, eu o via perfeitamente, batendo sobre o corpo, e não dentro dele. Ele batia forte, com esforço, mas pulsava diferente: ele não crescia e diminuía a cada batida, era como se tentasse inflar, conseguisse pouquíssimo, e voltasse a esvaziar, sempre com muita força.
A corrente não deixava que ele inflasse muito, assim sua respiração era rápida, mesmo que ela não parecesse ofegante. Ao contrário, parecia plácida, se eu não pudesse ver seu coração naquele estado, acreditaria que respirava com tranqüilidade e se sentia muito calma.
O olhar dela era profundo, com olhos negros que penetravam através de qualquer coisa ou pessoa em que pousassem. Eles despiam, invadiam, era como se nada pudesse escapar deles. Mas ela parecia muito cansada disso e os fechava sempre, ou olhava para baixo, desviava seus olhar de qualquer ponto que parecesse trazer informação para ela. Ela estava cansada de tanta informação.
Quando a olhei com ternura, tentado me enxergar dentro dela, ela sorriu com o olhar. Por um momento vi nela algo de sonho, algo distante e infantil, uma súplica silenciosa por socorro. Meus pensamentos estavam todos ligados aquela mulher, à sua dor, e eu só me questionava “O que tiraram dela? O que não deixaram ela viver? Por que ela não lutou contra a dor e defendeu suas escolhas?“
Neste momento me voltei para a direita, para o homem. Ele também era duro, mas totalmente diferente dela. Era alto, novo, bonito, tinha a tez jovem e brilhante. Parecia desconfiado, sempre tinha uma das mãos à bainha da espada que carregava à cintura. Seus olhos, ao contrário da mulher, eram rápidos e não focavam nada em especial. O que queria era ver tudo, talvez para não ser pego de surpresa por algo que sentia o ameaçar. Não parecia sábio como ela, mas era intimidador, tinha presença, braços fortes, corpo esculpido de músculos e destreza nos gestos.
“Um soldado”- pensei comigo – “alguém que realiza ordens, mas que não parece questioná-las muito bem.”
Ele parecia prático e sucinto, não se apegava a nada, talvez perdido, sem poder esclarecer suas dúvidas.
Quando os vi, aos dois, ao mesmo tempo, uma tristeza imensurável me consumiu. “Eles não se vêem, não se falam, não se ajudam” pensei. Ela, com tanta sabedoria, mas guardada para si, remoendo um excesso de informações que a tornavam amarga, dura, triste, cansada de ser quem era. Ela desejava leveza, ser livre, vomitar aquela montanha de informações e poder apenas ver o que escolhesse. Ela queria esquecer...
Em nenhum momento ela tentou pedir ajuda a ele, fazê-lo ajudar nas suas buscas. Ela aceitava resignada seu papel secundário de ser consultada quando era necessária... e só.
Ele, por sua vez, estava perdido. Parecia que tinha deixado de seguir os líderes que tinham norteado sua vida, suas verdades – ou melhor, as verdades que tinha aceitado como suas – tinham se dissolvido, e agora ele estava só, sem motivo para lutar, apesar de ter força, preparo, desenvoltura e coragem para tal. Lutava no escuro contra qualquer coisa, pois parecia não enxergar direito na penumbra que se encontrava.
Estavam os dois sofrendo, sem sequer pedir ajuda um ao outro. Estavam magoados. Os dois estavam presos no passado de uma maneira cruel e dolorosa.
Ela tinha mágoa dele que nunca a elegeu como seus olhos e coração, enquanto ele se ressentia com os “outros” a quem serviu e agora percebe que não são quem pensava que fossem. Ela não acreditava que ele poderia ajudá-la, pois ele nunca o fez, ele havia elegido “outros” como seus senhores e ignorado as sensações e verdades que ela podia oferecer a ele. Nunca seus desejos tinham sido satisfeitos por aquele cavaleiro, nunca seus braços fortes abraçaram suas causas e buscas, por que agora ele o faria? Por que ela cuidaria de si, dos seus cabelos, da sua pele, se sua alma nunca seria ouvida?
Neste momento percebi que a corrente que cercava o coração dela tinha um cadeado, e a chave estava numa das suas mãos. Ela o tinha trancado! Ela mesma ceifava sua capacidade de entusiasmo, alegria, satisfação para conseguir sobreviver sob a única forma que acreditava que tinha de vida. Ela tinha a chave...
(A mesma chave dourada, a mesma de tantas visões...)
Ele continuava perturbado, olhando em todas as direções, apesar de não seguir por nenhuma. Estava parado, esperando talvez um milagre acontecer, algum exército aparecer e permitir que se juntasse a ele, ou um mestre passar e adotá-lo como discípulo. Era forte, saudável, mas não era realizado. Tinha ressentimentos profundos por todos aos quais seguiu, se sentia traído por eles, pela vida, por ele mesmo. Culpava-se por sua falta de visão, às vezes acreditava que não merecia ser nada mais do que parecia ser: um soldado que serve, por não ter sabedoria quando precisou decidir, em cada encruzilhada de sua existência.
Olhei para ele e tentei sentir o que ele sentia por ela, já que ela o olhava sempre, e ele agia como se ela não existisse.
Ele tinha medo dela. Não a entendia, não acompanhava seus pensamentos, ela parecia louca, lunática. Sentia que, se seguisse seus pensamentos e idéias, acabaria louco, desacreditado, desmoralizado, perderia o respeito que conquistou com tanto sacrifício e suor. Não, não podia segui-la. Queria vê-la feliz, vê-la bem, às vezes fazia alguns de seus gostos, para que não sofresse muito, para que a sentisse um pouco mais feliz. Mas deixá-la liderá-lo, escolher as metas e objetivos de suas vidas seria insano. Ele já tinha perdido muito, tinha despencado da torre dos grandes cavaleiros para o grande pântano dos enganados e traídos. Não podia permitir que seu orgulho fosse esmigalhado até o último grão que restava.
Naquele momento voltei a mim. Voltei a respirar profundamente e invoquei meu ser superior, minha mente iluminada, para me ajudar na tarefa de juntar as duas partes. Compreendi que não se tratavam apenas das minhas partes pessoais, mas o reflexo do Feminino e Masculino de todo o planeta doente, do qual eu havia me oferecido a participar da cura.
Precisava juntá-las, fazê-las trabalhar em conjunto, uníssonas, cooperando entre si na busca do objetivo único de viver em Amor.
Percebi que não adiantava dizer a ela que desacorrentasse seu coração, pois se ela o fizesse sem que ele a ajudasse, entraria em depressão e desespero, sem a contenção que enganosamente criou para se salvar. Ela estava mais fraca que ele.
Era ele quem iniciaria a mudança! Ele precisava dissolver suas mágoas e preconceitos. Ele precisava acreditar em uma outra forma de vida, com respeito e liberdade. Perceber que a dor que sente não é apenas falta de honra e admiração por si mesmo, mas também falta de alegria e amor. Ele precisava libertar seus fantasmas para deixar espaço para o novo.
Mas não pude fazer mais nada. Fui perdendo os sentidos, aos poucos, escutando uma bela canção celta ao fundo, que falava sobre amor. Adormeci pensando que algum dia, finalmente, eles poderiam novamente se amar, se fundindo em um único ser completo, dançando sua dança universal da vida, transformando o mundo e criando maravilhas através de seus momentos de amor.



Quem ama, completa.


Os opostos se atraem.
Esta é uma lição que todos nós aprendemos na escola e levamos para nossas vidas. Utilizamos este conceito por muitas e muitas vezes durante nossa história e sem querer ajudamos a estabelecer um dogma responsável por todas as dores da humanidade.
Pois me desculpem os cientistas, os estudiosos e os acadêmicos, mas os opostos não se atraem. Opostos nunca podem se atrair.
Depois de uma longa caminhada – muitas vezes solitária, apenas na companhia silenciosa de amigos espirituais – eu entendi que energias contrárias nunca poderiam se atrair. Quem se atrai são as energias complementares.
Os complementares se atraem com a única intenção de formar algo novo, de criar uma nova situação, diferente de cada um deles, mas a partir das suas características mais marcantes.
Opostos não criam nada. A complementação gera nascimento e evolução. A oposição traz destruição e caos.
Complementares são forças diferentes com objetivo semelhante e isto é muito diferente de oposto. Observando a Natureza temos total certeza disto; é a chamada busca pelo equilíbrio, como observamos nas aulas de química quando substâncias com Ph diferentes tendem a se misturar e formar uma terceira com Ph mais equilibrado.
Uma árvore tem uma parte fora da terra e outra dentro. Seriam opostas? Eu acredito que sejam complementares. Nossas duas pernas seriam iguais? Não. Opostas, por estarem uma a direita e outra a esquerda? São simplesmente complementares – forças diferentes com um objetivo comum que só pode ser alcançado pela união entre elas. Os nossos dois olhos? Complementares. Nossos dias e noites? Complementares. As estações do ano, um par de dançarinos, o café com o leite, a música e a dança. Todos complementares. Como também são o pensamento e o sentimento, o coletivo e o individual, a expansão e a introspecção, a intuição e a lógica, a ciência e a espiritualidade. Todos são energias diferentes com objetivos comuns que trabalham muito melhor juntos do que separados. Oriente e Ocidente? Complementares. A partida e a chegada, a despedida e o encontro, a dúvida e a resposta. Todos complementares.
Opostos brigam. Opostos disputam. Opostos tem objetivos opostos e nunca podem se encontrar em parte alguma de suas vidas. Como um ambientalista e um fazendeiro que desmata suas terras, ou um político corrupto e um colaborador de obras sociais. Eles são opostos e nunca vão se atrair. Serão sempre o contrário de uma questão e nada poderá uni-los.


Infelizmente, dentre todos os equívocos da humanidade, o pior e mais grave foi cultuar a idéia de que a energia feminina é oposta a masculina.


Quando homens e mulheres deixaram de ser complementares para se tornarem opostos? Quais as conseqüências deste equívoco tão importante? Dor, tristeza, incerteza e solidão nos corações de espíritos que não sabiam mais se unir e manifestar maravilhas que só a mais pura complementação pode criar.
Homem e a mulher. Opostos? Não, complementares. E a complementação destas energias gera coisas maravilhosas, uma delas é a mais cantada e almejada através da história: o amor verdadeiro.
Como seres que se consideram opostos poderiam se amar?